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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Emergentes cobram de ricos renovação do Protocolo de Kyoto

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Envoltos por uma cortina de poluição que escondia Pequim, representantes do Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China) exortaram nesta terça-feira os países desenvolvidos a renovar o controle de emissões de gases do Protocolo de Kyoto.
O encontro de dois dias reuniu altos funcionários dos ministérios de meio ambiente dos quatro países. O objetivo foi afinar o discurso do grupo a um mês da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, em Durban (África do Sul).

Alexander Natruskin/Reuters
Protocolo de Kyoto que determina metas de redução de poluentes vale até 2012; acima, fábrica no sul de Moscou, na Rússia
Protocolo de Kyoto que determina metas de redução de poluentes vale até 2012; acima, fábrica no sul de Moscou, na Rússia

O Protocolo de Kyoto obriga 37 países industrializados (incluindo a União Europeia) a diminuir a emissão de gases de efeito estufa em 5,2% abaixo dos níveis de 1990. O principal fracasso foi não ter conseguido a ratificação dos EUA.
A meta de Kyoto prevê o cumprimento até o ano que vem, quando já deveria haver um novo tratado. Mas Rússia, Japão e Canadá, entre outros, têm sinalizado de que não se comprometerão com um novo período caso os principais emissores continuem de fora.
O Basic cobrou dos países desenvolvidos o compromisso de "assumir a liderança" nos esforços contra a mudanças climáticas, a criação de um fundo de US$ 30 bilhões de ajuda aos países mais pobres e transferência tecnológica.

Representante do Brasil no encontro, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, disse que, se a extensão de Kyoto for aprovada em Durban, a conferência terá sido "um grande sucesso".
Gaetani, no entanto, admite que uma das principais dificuldades para propostas como a do fundo é o momento de crise econômica. "Uma série de países estão obcecados com resultados de curto prazo."
O funcionário brasileiro elogiou ainda a "coesão" do Basic. "A posição dos quatro países é muito importante para a posição do G77 [grupo dos países em desenvolvimento]."
Presente no encontro como observador, o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ) teve uma avaliação pessimista do resultado. "Esse processo da ONU é um labirinto. E, mesmo quando você está avançando, é dentro de um labirinto."
"A reunião do Basic foi um microcosmo da forma da ONU funcionar. Aqui, se produziu um documento absolutamente inócuo, que não cumpriu o opósito de jogar uma pinguela que fosse de aproximação com a Europa para poder manter, dentro de Kyoto, aqueles que não podem sair."
Sirkis disse que o Brasil tentou fazer essa aproximação, mas que a estratégia não foi adiante porque houve resistência principalmente por parte da Índia.
Mais otimista, Marcos Carson, coautor de um estudo sobre o Basic do Instituto Ambiental de Estocolmo (Suécia), disse que o documento "reflete o verdadeiro desafio de encontrar oportunidades para avanços significantes em Durban". Ele elogiou os esforços do Basic para reduzir emissões.

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